sexta-feira, 21 de junho de 2013

O que eu vi nos protestos


                                                                                                                                 Dedico este texto a
meu  grande amigo Henrique Chaves.

Caro leitor, sei que ando em dívida com tua ilustre persona e que há muito tempo não escrevo neste pequeno blogue, sei também que o assunto que irei tratar neste momento não é um assunto costumeiro em meus textos e foge à proposta da página, porém há em mim uma imensa vontade de falar ao mundo o que eu vivi durante essa semana.
A minha "quase-obrigação" de falar sobre tal assunto surge a partir de algumas coisas que tenho ouvido, visto e lido, dessa forma vejo que tentar iluminar a cabeça de meus poucos leitores faz parte do meu papel de cidadão.
Acredito em grandes mudanças? Não, não acredito em transformações significativas. Por quê? Porque vejo que quem protesta não é a massa da população, na verdade o "gigante" não acordou, quem protesta são, em sua maioria, estudantes da classe média. A classe proletária, e real interessada numa mudança substancial no país, não entende o protesto, uma vez que ela não foi educada para pensar de maneira crítica, ela não consegue enxergar como as ações do governo podem interferir em sua vida e dessa forma não compreende um protesto realizado, a princípio, "por causa de vinte centavos". "Só" por isso?! Não, há também muitas falas mal informadas sobre o protesto, falas essas pronunciadas por pessoas consideradas intelectuais e muito bem esclarecidas, o que contribui para a descrença no movimento e para a desinformação das massas. Por isso, embasado no que eu vi nas ruas de Juiz de Fora, quero esclarecer: não, o movimento não é baderna; sim, a maioria que vai às ruas sabe sim o que está protestando; não, não é festa, se há diversos motes sendo cantados ao mesmo tempo é sinal de que a multidão está grande e que tentar entoar um mesmo mote em toda a extensão do protesto não se faz possível; sim, o movimento conta com uma pauta, apesar de ser uma pauta muito ampla, onde vários tópicos são incluídos, não significa que os manifestantes não têm diretrizes para sua reivindicação e a ausência de uma liderança não significa que há falta de organização; não, não somos anarquistas, o fato de querermos um protesto sem partido é justamente para garantir uma participação plural de manifestantes, onde toda concepção política é bem vinda, o objetivo do movimento não é ser vinculado à ideologias de esquerda ou de direita; sim, há quem espere por um impeachmennt, porém não chega a ser a maioria dos reivindicantes, uma vez que a insatisfação não é em relação à administração de nossa atual presidenta, mas sim com todo o sistema político brasileiro, onde seus principais partidos (PT, PMDB e PSDB) não possuem mais diferenças entre si e que há também uma inexistência de ideologias entre os pequenos partidos, sendo o principal objetivo desses o enriquecimento ilícito.
Há protestantes violentos? Há, mas creio que esses não deveriam ser o foco das discussões como a maioria dos veículos de comunicação tem colocado. Primeiro porque tais tipos de manifestantes não é exclusividade do Brasil e ouso a dizer que não há reivindicações populares (em nível nacional) completamente isentas de violência e segundo porque noto que as mídias têm focado em demasia em tais cidadãos,  uma vez que os protestos realizados sem ocorrências não chegam sequer a serem citados, falo isso porque participei de um manifesto cem por cento pacífico, que contou com 15 mil pessoas em uma cidade de grande importância econômica e histórica para o país e no entanto o Brasil nem teve conhecimento de sua existência.
Apesar de eu não realizar nenhum tipo de manifestação violenta, eu acredito que os ditos "baderneiros" têm seu valor em um protesto, pois a multidão deve ser uma caixinha de surpresas para o político, ele deve temê-la e se sentir ameaçado por ela, somente assim ele apresentará mudanças de comportamento, se formos analisar as grandes revoltas que ocorreram no mundo, veremos que somente Gandhi conseguiu realizar uma revolução sem que o POVO se comportasse de maneira hostil ou violenta.
Outra coisa que me incomoda é a transferência de responsabilidade social, por parte dos manifestantes, para a Rede Globo de Telecomunicações, uma vez que, tal empresa foi criada muito depois de o Brasil e seus problemas sociais terem surgido. Não digo que ela seja isenta de responsabilidade, sei que ela é oportunista, e presta muita atenção no que eu acabo de escrever, ela é OPORTUNISTA, ou seja, aproveita-se da OPORTUNIDADE, se aproveita da situação, o que quero dizer com isso é que a CULPA de termos um povo alienado não é dela, e nem de nenhuma outra empresa de telecomunicação do país, ela, assim como as outras, se aproveita de um povo alienado, a falta de discernimento da massa popular é responsabilidade, ou melhor irresponsabilidade, do Governo Brasileiro, quem não investiu em educação foi ele, logo, a Globo não tem nada a ver com a falta de pensamento crítico no país, e digo mais, ela não tem obrigação de fazer do povo, um povo mais culto, e ouso a dizer que se ela o tentasse, ela faliria, pois ele não ia entender o que ela estaria transmitindo. Nesse sentido te lanço um desafio, pergunta aos integrantes da massa popular que tu conheces o que ele assiste no horário do programa Fantástico no Domingo, te dou a certeza, que a maioria responderá que assiste ao Silvio Santos ou ao Pânico na Band, não que eu ache o Fantástico um exemplo de jornalismo imparcial e completo, mas acredito que é um dos melhores programas oferecidos pela Rede Globo.
Falei isso tudo pra ti, leitor, porque quero que tu, caso não tenhas aderido ainda, adiras ao protesto e caso já tenhas aderido, quero que vás para o movimento com o pensamento mais centrado e mais confiante no que estás a fazer e que esclareça as pessoas menos informadas sobre o movimento, que tu tentes levá-las contigo no próximo movimento, a adesão delas é de suma importância para a mudança, assim como um manifestante violento causa receio nos políticos, a adesão pacífica de um cidadão pouco esclarecido ao movimento também causa grande medo e instabilidade para esses políticos, uma vez que sua permanência na política é ameaçada.
No mais, desejo-te boa noite!